Como reagir aos pitacos pós maternidade

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Eu não sei o que acontece com as pessoas que assim que sabem que alguém está grávida, começam com uma série de recomendações, conselhos, críticas sobre o modo como aquela mãe pretende viver ou efetivamente vive a maternidade.
É um exercício de autocontrole muito grande ouvir esse tipo de coisas, muitas delas bizarras e do tempo do Guaraná com rolha, e não falar nada para não perder a amizade. Até porque, na maioria dos casos, a pessoa só quer ajudar.

É aí que entra ela, a famosa cara de alface.



Cara de alface é a cara de paisagem que toda mãe faz desde que viu o positivo do teste de farmácia até o filho completar 18 anos. É a cara de nada, do sorriso tímido e silencioso que já diz tudo: "Do meu filho cuido eu". 

Fazer cara de alface requer treino e persistência. Não é à primeira recomendação que se consegue a proeza de fazer a cara de alface perfeita. O bom é que temos quase 19 anos para treinar.



Na gravidez, durante nove meses, a mãe já é confrontada com o desafio de treinar para conseguir a famosa cara:

- "Nossa, como você já engordou!"
Amigos, nunca digam isso a uma grávida. Das duas uma, ou ela vai chorar durante dias ou vai jogar uma panela na sua cabeça.

- "Nossa, mas você nem parece que está grávida!"
Pior do que falar que ela está gorda é falar que não dá para notar que ela está grávida. Gestante tem orgulho da sua barriga, falar que ela não parece que está grávida é pedir para ela chorar durante dias.

- "Sua vida nunca mais vai ser a mesma".
"Ah vá, é mesmo?"

- "Aproveita para COLOQUE QUALQUER ATIVIDADE DIVERTIDA AQUI, porque depois que nasce já era"
Gente, sério. Parem com isso. Ter filho não é o fim da vida. Nem deve ser tratado como tal. Apenas parem.


Depois que o bebê nasce, todos parecem virar pediatras / pedagogos / nutricionistas / educadores. Aqui começa o intensivão para a cara de alface, já que antes, na gravidez, todos iam culpar os hormônios se você decidisse xingar alguém.

- "Esse menino está com fome/frio/calor"
Não, não está.

- "Acho que o seu leite é fraco, dá mamadeira a esse menino que ele está morrendo de fome".
ATENÇÃO, ATENÇÃO, SE VOCÊ FOR APROVADO NESTA PROVA, TEM 95% DE CHANCE DE SE GRADUAR COM MÉRITO.

- "Nossa, mas ele não está apertado aí?", quando veem uma mãe com o bebê no sling.
- "Não, moça, ele está até dormindo, ele gosta de ficar assim, é recomendado por muitos pediatras, porque o batimento do coração da mãe o acalma".
- "Nossa, coitadinho, nem consegue respirar".
Isso, moça, está quase acertando a cara de alface, agora
com um pouco menos de desprezo

- Que frescura de não dar doce para esse menino. Meus filhos comiam chocolate quando tinham seis meses e não morreram. Olha só, o menino está aguado.
- Gente, não existe isso de ficar aguado com alimento que não se conhece. A criança fica olhando porque é curiosa. E, sério, parem com isso, respeitem a decisão dos pais sobre a alimentação dos filhos. 

- "Para de dar colo a esse menino que ele fica mal acostumado. Isso aí é manha".
"Deixa eu dar colo ao meu filho, senhora, por favor".

Com o tempo começamos a tirar tudo isso de letra. Críticas sempre haverá, ainda mais nesse mundo pantanoso de maternidade, onde as mães, em vez de se unirem, criticam outras mães apenas porque elas fazem diferente. A dica que eu dou é sempre acreditar nos seus instintos maternais, não brigue com ninguém e vença opiniões contrárias com amor. Aí não tem erro. 

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