Ela já foi leve

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Ela não foi sempre assim. Um dia ela foi leve. Ela dava risada, brincava, corria e era animada. Podemos até dizer que um dia ela até foi doce. Nem sempre ela carregou este peso. Nem sempre ela mais chorou do que sorriu. Ela não foi sempre assim.
Teve um dia que ela correu e ganhou uma medalha. E duas, três, quatro, cinco medalhas. Suou a camisa e ficou feliz. Pegou horas de trânsito para comemorar a vitória do seu time no estádio. Muitas vezes. Chegou em casa de madrugada depois de vibrar pelos gols e acordou cedo na manhã seguinte para ir trabalhar. 

Ela subiu numa moto e viajou pelo litoral de mochila às costas. Ela mudou de cidade, de país, de continente, de hemisfério e de fuso horário porque realmente acreditava.

Ela já escreveu poesia, já escreveu textão. Um dia até prometeu que escreveria um livro - ou teria uma coluna em uma revista de moda conceituada. 

Ela já viveu intensamente, sem se preocupar com o dia da amanhã.



Aí ela cometeu a burrada de colocar os outros antes dela. Se deu, se doou, se entregou, se sacrificou. Só que não recebeu nada em troca. Esperou um ano, dois anos, três, quatro. E nada.

Aí ela não era mais tão leve, não sorria tanto, não brincava mais e nem vibrava mais com coisas que a animavam antes. Desistiu de sonhar e achou que não tinha mais nada para ela, que a vida era assim mesmo. Insistiu tanto no que não a valorizava que ela mesmo começou a se ver sem valor. As cartas de amor deram lugar ao vazio da folha em branco, sem nada para escrever, sem nada para sonhar.

Foi quando ela acordou. Não queria mais sobreviver. Ela quer a sua vida de volta. Ela decidiu que ninguém pode ter o poder de melhorar ou piorar a sua vida - porque ela aprendeu que as pessoas sempre vão procurar o melhor para elas mesmas, mesmo se tiverem de passar por cima dos outros para isso (e acreditem, as pessoas enganam).

E o sol vai voltar a brilhar. 

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