Amores meia-boca

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Na vida temos a tendência a nos acostumamos com coisas meia-boca. Aquele trabalho que é ruim mas paga bem, o carro que sempre dá problema mas pelo menos anda, o arroz que sempre fica empapado e sem sal. E há também quem se acostume com amores meia-boca.
Um amor meia-boca é aquele que nem fede nem cheira. Até parecia bom no início, mas quando você deixou de receber, achava que era assim mesmo, que é normal não se sentir amada. Às vezes você está tão acostumada a receber um amor meia-boca que você começa a achar que aquilo é amor mesmo. E até se acha uma pessoa muito sortuda porque encontrou esse amor. Pobre moça, que confundiu encontrar esse amor com ser cega demais para deixá-lo ir embora enquanto era tempo de se salvar.
Se acostumar com um amor meia-boca faz você se acostumar com tudo o que medíocre. O arroz empapado parece manjar dos deuses, o emprego meia-boca parece caído dos céus porque você não recebe o apoio suficiente para tentar algo melhor - e se tentasse, estaria trabalhando demais, e os problemas seriam culpa sua.
Amores meia-boca não permitem você crescer, mas antes fazem você se diminuir para que o outro evolua. Eles fazem você acreditar que é normal se anular para que o outro brilhe.
Amores meia-boca justificam seus erros com ações alheias, umas, duas, três, oito, dez, mil vezes. Quem ama de um jeito meia-boca sempre arrumará desculpas para tentar provar que o amor não era tão meia-boca, afinal, pelo menos no início, na época das borboletas no estômago. Só que não eram borboletas, eram gases.
Amores meia-boca nem deveriam ter esse nome. Tudo o que é medíocre acaba nos corroendo por dentro, num processo de autodestruição na espera de um amor que nunca chega, porque o que nasceu para ser meia-boca nunca chega a ser pleno.
 
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