E ele a encontrou

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Ele não tinha muita sorte no amor. Era daquele tipo de cara que já tinha desistido. Mas não completamente. Lá no fundo, ele sabia que queria aquele relacionamento que faz bem. Ele queria que alguém estivesse do seu lado por aquilo que ele é. Mesmo que ele se achasse meio chato, difícil e com cara de bravo.
Então, ele a encontrou. E mal sabia que ela também procurava o mesmo que ele: alguém com quem ela não precisasse fazer média. Que a aceitasse.
Gostou dela sem antes a ver pessoalmente. E quando isso aconteceu, parecia que já se conheciam. E desde então, ela tem feito parte dos seus dias.
O tempo foi passando e ele foi tendo a sensação que aquilo ali poderia ser diferente. E nem a conhecia direito. Ainda não a conhece. Não sabe o segundo nome dela. Não sabe onde ela mora nem onde trabalha. Nem imagina que aquele cabelo não é realmente daquela cor. 
Mas ele já sabe que a banda de rock favorita dela é Guns´n´Roses. E que ela gosta de cantar música sertaneja enquanto dirige. Já percebeu que ela não fica sem café, e, por isso, a leva para tomar expresso naquele lugar chique, mesmo que ela insista em dizer que um cafézinho preto na padoca já está bom demais. Mas ele gosta de a ver em lugares bonitos, sentar para conversar com ela. 
E como ele gosta disso! Ela fala de tudo, de política, futebol e corrida. E, o melhor de tudo, gosta das mesmas coisas que ele. Até percebe que ela está louca por um cigarro - ele conhece já os momentos em que o vício fala mais alto -, mas ela não se importa de ficar ali só mais um pouco, conversando de tudo e sem ficar constrangida com os momentos de silêncio. Aí ela lança aquele sorriso que o desarma facilmente.




Ele gosta como ela é companheira, seja bebendo seis Originais ou planejando correr juntos. Ainda não foram, mas ele sabe que irão. E mesmo ele correndo bem mais do que ela, já decidiu que vai diminuir o ritmo e correr ali do seu lado. Porque é assim que ele quer ficar.
E no dia em que estava chovendo e ela nem ligou e andou de mão dada com ele na rua sem se importar com o cabelo, a olhou de forma diferente. Porra, essa mina é diferente. Tem aquele jeito de menina, bebe igual homem, quando vê uma mulher bonita na rua e que sabe que ele está olhando, fala: "Gostou dela, né, seu safado?", e cai na risada. Cara, ela é louca.

Ele a conhece há pouco tempo. Não sabe o que é tudo isto. E, na verdade, ele não quer dar nomes a uma coisa que não pode ser definida. E, apesar das tentativas dela de ter uma DR quando abusa na cerveja, ele também sabe que para ela está bom assim. Porque ela sabe exatamente o que quer - e ela já provou que, agora, ela só quer estar do lado dele, onde pode ser ela mesma. E é assim que ele gosta.

Você precisa entender

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Ela precisa que você entenda uma coisa: ela não é uma pessoa normal. Ela pode ser chata, engraçada, divertida, carinhosa, mas normal, definitivamente, não é. É que esta vida não é fácil e a deixou com algumas cicatrizes. Algumas não, muitas. De algumas ela nem lembra mais, a não ser que passe a mão nela e sinta o relevo das suas marcas. Outras são mais profundas, foram feitas cirurgicamente para tirar o que já não lhe pertencia mais - e que, na verdade, nunca pertenceu. E ainda doem, às vezes, desculpa-a por isso.
Ela quer que você saiba que também quer te encontrar. Não tem qualquer intenção de se esconder de você. Pelo menos não agora, quando seu jeito nem a afeta tanto assim ao ponto dela tirar o pé do chão e voar alucinadamente. Hoje ela sente, mas pensa ainda mais.
Ela sabe que nem sempre te vai dar o que você precisa receber. Que pode ser difícil para você lidar com o fato de que partes do seu passado serão sempre o seu presente. Que ela tem aquele seu jeitinho bem peculiar típico de quem gostou desse negócio de ser livre e não está disposta a perder isso. Nem por você.



Mas ela gostou de você. Você veio para mostrar que a liberdade pode ter um gosto especial se for temperada com aquele quê de loucura que você tem - e ela também. 
Então, ela gostaria que você entendesse que não se quer prender a você, mas quer se permitir ser ainda mais livre ao seu lado. Sem tantas regras, mas com aqueles momentos só vossos, que mais ninguém vê ou sabe, e que fazem com que congelem o tempo em meio a um café expresso e um cigarro. 
Você já conhece as suas manias. Já sabe que ela não funciona sem café e, que, mesmo jurando toda vez que não vai mais acompanhar nada do São Paulo, ela sempre vai te perguntar se você está assistindo o jogo e querer falar sobre a péssima fase do time. E, a cada conversa, ela vai lembrar das vezes que foi no estádio e vai te contar alguma história engraçada que viveu no Morumbi.
Todas as segundas-feiras ela vai te falar que vai começar um regime, mas não vai resistir ao brigadeiro depois do almoço. By the way, quer se dar bem? Alimenta essa mulher. É tiro certeiro. Boa comida é a isca perfeita para o coração dela. 

Não tem jeito, ela assim mesmo, é bom você se acostumar. Ela não desiste facilmente, nem do time de coração, nem tampouco de ser feliz. É que por muito tempo ela não sorriu, ela era triste. E agora que ela está leve de novo, que ela descobriu que é empoderada, ela não vai querer perder um segundo da vida dela pensando em algo que poderia ter feito. Ela vai lá e faz. E, olha, ela está querendo fazer com você. E aí, você topa?

Por pessoas que te lembrem quem você é... sem elas

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Moça, você é muito além daquilo que você imagina ou do que dizem ser. Talvez você esteja acostumada à mediocridade, ao meia-boca, ao morno. Quem sabe você se anulou tanto pelos outros que, quando eles foram embora, você não sabia quem você era além daquilo que você se tornou. E, de repente, eles já não estão mais lá e você não sabe mais quem é aquela que está ali no espelho, te encarando. O que quer? Do que precisa? O que a faz feliz?

E de repente, para de doer. As lágrimas secam. E você decide voltar a viver, a tomar o controle da sua própria vida. E, principalmente, você decide que não quer nunca mais depender de ninguém para ser feliz. Você deveria se bastar. 

Mas aí a vida, essa malandrinha, manda aquelas pessoas que, mesmo sem saberem, te ajudam nesse percurso. Elas chegam sem avisar, sem pedir nada em troca, sem favores e sem exigências. Elas chegam apenas para te lembrar como você é foda e como você pode ser incrivelmente feliz sem precisar de ninguém. Inclusive sem precisar delas.
E, mesmo sabendo que você não precisa, necessariamente, da presença delas, você as deixa entrar. E, sem querer, elas te dão aquele empurrão que você precisava para você ser livre. Sem regras, sem dogmas, sem exigências sociais te ditando como agir. E você pode ser você mesma.



É quando você descobre que, mesmo que elas vão embora, você continuará feliz. Essas pessoas surgem do nada não para acrescentar, porque você já é inteira. Elas vêm somar. Te mostrar que a vida é muito além do que você viveu, que ainda tem muito chão pela frente. E elas te fazem isso de mão dada com você em uma rua tranquila de uma cidade interiorana num domingo nublado. Num programa badalado ou num colchão na sala num sábado à noite assistindo Top Gun. Numa conversa de horas ou numa troca de olhares embalada naquele silêncio que é tudo menos constrangedor. Porque às vezes não precisa falar. 

A vida tira pessoas para colocar outras no lugar. E, geralmente, nessa troca, você ganha mais do que perde. Muito mais. Como quem não quer nada, elas te mostram que, se estão ali, não é pelo que você pode fazer por elas, mas porque elas sabem que, independentemente de elas estarem ali ou não, você continuará sendo você. Elas só querem te mostrar que você é bem melhor do que alguma vez imaginou.
 
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