Pelos textões, eu voto sim!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Gosto de textão, ou não fosse eu de Humanas. Gosto de escrever - e demonstrar - o que penso e sinto. Embalada por uma sofrência qualquer e lendo textões por aí, eu vou lá e falo - ou escrevo.
Quase sempre me arrependo. É que, sem querer, acabo sendo contagiada por essa velha mania de que não se pode demonstrar sentimento. Eu até tento - juro! - mas isso aí não é para mim. Eu gosto mesmo é de falar o que sinto e quase sempre fazer papel de trouxa. É, faz parte, dizem.




É por isso que gosto quando encontro alguém assim como eu, que não tem medo de textão, não faz média, não tem reservas. É aquele tipo de gente que manda mensagem dizendo "Ei, quero te ver, quando vamos nos encontrar?". Que te pega pela mão, te leva para escutar uma boa música e te paga uma cerveja. Que espera você terminar o cigarro e já enche o copo de novo. Que quer saber mais sobre você.
Numa época em que o chique é ser desapegado, quem se fode é quem vai contra a maré e decide que vai falar, sim. Mesmo que depois venha a vontade de bater a cabeça na parede e que venha logo a torcida pela atualização no Whatsapp que permitirá apagar mensagens já enviadas. É que por mais que você não fale, não tem como negar o que está escrito na sua cara desde a primeira porção de batata frita com bacon e cheddar. 
É que a culpa não é minha. É da Marília, do Jorge, do Henrique, que fazem brotar as palavras que você nem sabia que tinha que botar para fora. É culpa também do Fred e da Natália, que me mostram que, sim, mostrar sentimento é bom, mesmo que a cabeça já esteja doendo de tanto que você a bateu na parede, tal foi o arrependimento que bateu depois do textão que teve apenas um emoji como resposta. Eu entendo, nem todo mundo está acostumado a uma enxurrada de verbos, assim do nada. Desculpe, é que é mais forte do que eu.

Há vida depois do fim

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Gosto de gente bem resolvida. Gente que sabe exatamente o que quer, que não faz média, que não tem medo de lutar pelo que acredita nem de quebrar a cara. Gente que, quando sente, sente de verdade, mesmo que, dentro do peito, o amor se vá, aos poucos, misturando com a dor dilacerante do engano, da decepção infringida sem dó nem piedade. Gosto de gente assim, que sabe que no coração não tem lugar para meio-termo nem para remendos com band-aid.
Mas, sobretudo, gosto daquele tipo de gente que sabe desistir. Que conquistou, sem se dar conta, uma força interior capaz de matar o cupim da alma e que um dia acordou decidida a viver. Aí essas pessoas vão lá e vivem, de coração novo e cabeça em ordem. Para trás, fica o sentimento de dever cumprido, a certeza de que se fez tudo e aquela paz interior que sussurra que tudo vai ficar bem.
E geralmente tudo fica bem. Afinal, a vida segue, o sol nasce todas as manhãs, pessoas diferentes cruzam o seu caminho todos os dias. E se, antes, você não tirava a venda e só queria enxergar aquilo que você bem entendia - ah!, a velha mania que temos de nos auto-sabotar... -, você começa a ver coisas que você nunca tinha visto, a sentir a sinergia dos outros, a sorrir com vontade.





Depois do fim há um começo. Não, não é um recomeço, é tudo novo mesmo. É quando você decide que não quer falsas intenções ao seu redor, que está de saco cheio de relações sem fé, que a sua vida anda para a frente. E o bom é que, depois daquela sacudida que a vida nos dá, você aprende a dizer "basta" e a deixar o seu coração no lugarzinho dele, bem dentro do seu peito e não na mão de um crápula qualquer. Um dia você pode até querer dividi-lo para outro alguém, mas com a plena convicção de que você é o dono da sua vida e da sua cabeça. Se um dia aparecer alguém digno o suficiente para tocar no seu coração, divida-o com ele, mas sempre com a certeza de que você é o dono do seu próprio destino e você escolhe quem tem cacife suficiente.
Podem vir os momentos de solidão, em que você queria um peito para descansar a cabeça em uma chuvosa tarde de domingo. Mas para quem sobrevive a um fim, esse será um mero detalhe de uma vida comandada por você. Um dia triste, no outro sorrindo, dançando ao som de um rock dos anos 90, sentindo novos sabores, trocando energias, conhecendo gente nova, pessoas que te mostram que a vida, sim, ela segue. E segue muito bem, obrigada.

Fala que quer ficar

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Você quer ficar, e nós sabemos que, provavelmente, ficará mais um pouco, mas não quer falar que quer ficar. Afinal, isso de mostrar sentimentos é "coisa de gay", como dizem por aí. Hoje a moda é ser durão, frio, fazer o famoso cu doce. Ah, se as pessoas tivessem noção das oportunidades que perdem por deixar de ligar quando sentem vontade, por não fazer aquele carinho quando ela está dormindo e você quer afastar aquela mecha de cabelo, mas teme ser demasiado sentimental. Mostrar sentimento virou coisa do passado.
Você não precisa enviar flores ou contratar aqueles carros de som para lhe mostrar que, sim, você gosta dela (por favor, não envie o carro de som. Mesmo). Mas não se esconda, não finja que não é nada ou que você não conta os dias para a ver de novo, aí na sua casa, com a perna em cima da cadeira, dividindo uma cerveja gelada com você enquanto insiste em te convencer que "More than words" é a melhor música de todos os tempos. 



E, believe me, ela te entende. Ela tem se esforçado em aprender qual é o seu timing e tem respeitado isso, assim como você respeita e entende essa vida louca que a obriga a marcar com antecedência na agenda para te ver. E você nunca reclama disso, o que só faz com que ela se encante mais por você.
Não é que você a afaste, até porque você adora quando ela chega e decide que quer preparar algo para vocês comerem. Você a olha e pensa: "Porra, era capaz de me acostumar a isso". 
Mas quando ela te pergunta o que você quer dela, você não sabe responder e desconversa. Quer dizer, você até sabe responder, mas decide começar com aquele "Bom, veja bem..." que a brocha e ela promete nunca mais te perguntar nada. Só que esse "nunca mais dela" é só até a próxima Skol, e você vai seguir negando o que o seu corpo já fala há meses: que você quer, sim, ficar.

E ele a encontrou

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Ele não tinha muita sorte no amor. Era daquele tipo de cara que já tinha desistido. Mas não completamente. Lá no fundo, ele sabia que queria aquele relacionamento que faz bem. Ele queria que alguém estivesse do seu lado por aquilo que ele é. Mesmo que ele se achasse meio chato, difícil e com cara de bravo.
Então, ele a encontrou. E mal sabia que ela também procurava o mesmo que ele: alguém com quem ela não precisasse fazer média. Que a aceitasse.
Gostou dela sem antes a ver pessoalmente. E quando isso aconteceu, parecia que já se conheciam. E desde então, ela tem feito parte dos seus dias.
O tempo foi passando e ele foi tendo a sensação que aquilo ali poderia ser diferente. E nem a conhecia direito. Ainda não a conhece. Não sabe o segundo nome dela. Não sabe onde ela mora nem onde trabalha. Nem imagina que aquele cabelo não é realmente daquela cor. 
Mas ele já sabe que a banda de rock favorita dela é Guns´n´Roses. E que ela gosta de cantar música sertaneja enquanto dirige. Já percebeu que ela não fica sem café, e, por isso, a leva para tomar expresso naquele lugar chique, mesmo que ela insista em dizer que um cafézinho preto na padoca já está bom demais. Mas ele gosta de a ver em lugares bonitos, sentar para conversar com ela. 
E como ele gosta disso! Ela fala de tudo, de política, futebol e corrida. E, o melhor de tudo, gosta das mesmas coisas que ele. Até percebe que ela está louca por um cigarro - ele conhece já os momentos em que o vício fala mais alto -, mas ela não se importa de ficar ali só mais um pouco, conversando de tudo e sem ficar constrangida com os momentos de silêncio. Aí ela lança aquele sorriso que o desarma facilmente.




Ele gosta como ela é companheira, seja bebendo seis Originais ou planejando correr juntos. Ainda não foram, mas ele sabe que irão. E mesmo ele correndo bem mais do que ela, já decidiu que vai diminuir o ritmo e correr ali do seu lado. Porque é assim que ele quer ficar.
E no dia em que estava chovendo e ela nem ligou e andou de mão dada com ele na rua sem se importar com o cabelo, a olhou de forma diferente. Porra, essa mina é diferente. Tem aquele jeito de menina, bebe igual homem, quando vê uma mulher bonita na rua e que sabe que ele está olhando, fala: "Gostou dela, né, seu safado?", e cai na risada. Cara, ela é louca.

Ele a conhece há pouco tempo. Não sabe o que é tudo isto. E, na verdade, ele não quer dar nomes a uma coisa que não pode ser definida. E, apesar das tentativas dela de ter uma DR quando abusa na cerveja, ele também sabe que para ela está bom assim. Porque ela sabe exatamente o que quer - e ela já provou que, agora, ela só quer estar do lado dele, onde pode ser ela mesma. E é assim que ele gosta.

Você precisa entender

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Ela precisa que você entenda uma coisa: ela não é uma pessoa normal. Ela pode ser chata, engraçada, divertida, carinhosa, mas normal, definitivamente, não é. É que esta vida não é fácil e a deixou com algumas cicatrizes. Algumas não, muitas. De algumas ela nem lembra mais, a não ser que passe a mão nela e sinta o relevo das suas marcas. Outras são mais profundas, foram feitas cirurgicamente para tirar o que já não lhe pertencia mais - e que, na verdade, nunca pertenceu. E ainda doem, às vezes, desculpa-a por isso.
Ela quer que você saiba que também quer te encontrar. Não tem qualquer intenção de se esconder de você. Pelo menos não agora, quando seu jeito nem a afeta tanto assim ao ponto dela tirar o pé do chão e voar alucinadamente. Hoje ela sente, mas pensa ainda mais.
Ela sabe que nem sempre te vai dar o que você precisa receber. Que pode ser difícil para você lidar com o fato de que partes do seu passado serão sempre o seu presente. Que ela tem aquele seu jeitinho bem peculiar típico de quem gostou desse negócio de ser livre e não está disposta a perder isso. Nem por você.



Mas ela gostou de você. Você veio para mostrar que a liberdade pode ter um gosto especial se for temperada com aquele quê de loucura que você tem - e ela também. 
Então, ela gostaria que você entendesse que não se quer prender a você, mas quer se permitir ser ainda mais livre ao seu lado. Sem tantas regras, mas com aqueles momentos só vossos, que mais ninguém vê ou sabe, e que fazem com que congelem o tempo em meio a um café expresso e um cigarro. 
Você já conhece as suas manias. Já sabe que ela não funciona sem café e, que, mesmo jurando toda vez que não vai mais acompanhar nada do São Paulo, ela sempre vai te perguntar se você está assistindo o jogo e querer falar sobre a péssima fase do time. E, a cada conversa, ela vai lembrar das vezes que foi no estádio e vai te contar alguma história engraçada que viveu no Morumbi.
Todas as segundas-feiras ela vai te falar que vai começar um regime, mas não vai resistir ao brigadeiro depois do almoço. By the way, quer se dar bem? Alimenta essa mulher. É tiro certeiro. Boa comida é a isca perfeita para o coração dela. 

Não tem jeito, ela assim mesmo, é bom você se acostumar. Ela não desiste facilmente, nem do time de coração, nem tampouco de ser feliz. É que por muito tempo ela não sorriu, ela era triste. E agora que ela está leve de novo, que ela descobriu que é empoderada, ela não vai querer perder um segundo da vida dela pensando em algo que poderia ter feito. Ela vai lá e faz. E, olha, ela está querendo fazer com você. E aí, você topa?

Por pessoas que te lembrem quem você é... sem elas

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Moça, você é muito além daquilo que você imagina ou do que dizem ser. Talvez você esteja acostumada à mediocridade, ao meia-boca, ao morno. Quem sabe você se anulou tanto pelos outros que, quando eles foram embora, você não sabia quem você era além daquilo que você se tornou. E, de repente, eles já não estão mais lá e você não sabe mais quem é aquela que está ali no espelho, te encarando. O que quer? Do que precisa? O que a faz feliz?

E de repente, para de doer. As lágrimas secam. E você decide voltar a viver, a tomar o controle da sua própria vida. E, principalmente, você decide que não quer nunca mais depender de ninguém para ser feliz. Você deveria se bastar. 

Mas aí a vida, essa malandrinha, manda aquelas pessoas que, mesmo sem saberem, te ajudam nesse percurso. Elas chegam sem avisar, sem pedir nada em troca, sem favores e sem exigências. Elas chegam apenas para te lembrar como você é foda e como você pode ser incrivelmente feliz sem precisar de ninguém. Inclusive sem precisar delas.
E, mesmo sabendo que você não precisa, necessariamente, da presença delas, você as deixa entrar. E, sem querer, elas te dão aquele empurrão que você precisava para você ser livre. Sem regras, sem dogmas, sem exigências sociais te ditando como agir. E você pode ser você mesma.



É quando você descobre que, mesmo que elas vão embora, você continuará feliz. Essas pessoas surgem do nada não para acrescentar, porque você já é inteira. Elas vêm somar. Te mostrar que a vida é muito além do que você viveu, que ainda tem muito chão pela frente. E elas te fazem isso de mão dada com você em uma rua tranquila de uma cidade interiorana num domingo nublado. Num programa badalado ou num colchão na sala num sábado à noite assistindo Top Gun. Numa conversa de horas ou numa troca de olhares embalada naquele silêncio que é tudo menos constrangedor. Porque às vezes não precisa falar. 

A vida tira pessoas para colocar outras no lugar. E, geralmente, nessa troca, você ganha mais do que perde. Muito mais. Como quem não quer nada, elas te mostram que, se estão ali, não é pelo que você pode fazer por elas, mas porque elas sabem que, independentemente de elas estarem ali ou não, você continuará sendo você. Elas só querem te mostrar que você é bem melhor do que alguma vez imaginou.

Então vai

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Eu queria pedir para você ficar um pouco mais, para darmos risada, para que, em uma hora de conversa deitados na sua cama, pudéssemos falar de política, religião, sentimentos e sobre Portugal.
Queria conhecer mais de você, saber o que você gosta, e, principalmente, o que é isso que tanto te assusta. Queria poder chamar seu porteiro pelo nome, subir com uma caixa de pizza e comer sentada no chão da tua sala, vestindo uma velha camiseta tua e assistindo House of Cards.
Queria que você ficasse um pouco mais, que nao fosse embora tão rápido como chegou. Que eu tivesse tempo de te decifrar um pouco mais.
Mas mesmo assim você quis ir, achou que já deu a hora de sair e a mim só resta ver você se afastar. E não tem nada que eu possa fazer para te impedir, a menos dizer que você vai deixar saudade. É que eu gostei de você, mas gosto muito mais de mim e da liberdade que tenho em procurar aquilo que eu quero, e não me adaptar àquilo que aparece.

Você veio, ficou, mas logo quis ir. Ou fui eu que confundi tudo e você nem chegou a me encontrar na metade do caminho?

Sei que você vai, mesmo que secretamente deseje que você fique.

Só então percebi que você já foi há algum tempo, eu que não quis ver.






Adeus ao que nunca chegou

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Dizer adeus é difícil. Afinal, custa nos separarmos daquilo que um dia nos fez bem, nos fez rir e nos encheu o coração. Mas o que é ainda mais difícil é dizer adeus a algo que nunca chegou a existir ou que, se existiu, foi só por breves momentos.
Por mais que não queiramos ter expectativas, as malditas acabam por chegar sem avisar. E você pode até jurar a pés juntos que não vai acontecer, que tudo será diferente, que agora quem manda é você. Ah, tolinha!
Não podemos ter medo de dar as boas-vindas ao novo, mas, acima de tudo, é preciso saber não retardar o adeus àquilo que ou nunca chegou ou já se foi faz tempo.
Pode até doer e custar um pouco na hora, a garganta fecha e o dedo chega a tremer para mandar aquele "Oi!" no Whatsapp. Mas fala sério, você já venceu coisas bem piores, não é verdade?
Segue o jogo.


Sabe, gostei de você

sábado, 20 de agosto de 2016

Ei, gostei de você. E foi assim, do nada, bem do jeitinho que você apareceu.
É um "nada importa"  que faz bem. Vem e permanece (quase) sem expectativas, mas o sorriso doce mexeu comigo. E se é para ser intensa, que eu seja por inteiro, mesmo que seja sozinha, não faz mal. O que vale é o aqui e o agora. Depois, logo se vê.
Não tem problema gostar. O que não pode é fingir que não gosta. Se der errado deu. Quando (ou se) deixar de dar certo, ficará a doce lembrança de quem veio e abalou as estruturas, com a naturalidade e simplicidade de quem não promete nada, mas mesmo assim sabe exatamente o que fazer para me balançar.
E, ao mesmo tempo em que as notificações estão personalizadas, para saber que é você e não mais uma mensagem de "bom dia" qualquer, o pé no freio é o termômetro que precisamos. 
Porque você veio para provar como é doce o sabor da liberdade, que você tão bem personifica, mesmo sem ser a causa.
E o bom é que para gostar não precisa significar nada. E isso sabe bem.




Apega-te sim!

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Vivemos numa época em que o certo é não sentir, ou, pelo menos, não sentir em demasia. Não pode ligar demais, aparecer demais, gostar demais. Tudo para evitar o coração partido. São os tempos em que, mesmo se estamos interessados, não podemos demonstrar. "O outro que corra atrás", dizem eles.
Eu, particularmente, nunca gostei de viver assim. Sempre fui bastante intensa nas minhas ações e sobretudo nos meus sentimentos. Não sei agir, nem tão pouco sentir pela metade. Comigo o negócio é para viver mesmo.

"Pega, mas não se apega" é um conselho muito dado. Mas - e ainda bem! - nem sempre é seguido. E por que seria? Qual é a graça de viver algo com o qual não temos apego? Entrar no mar azul e ficar com a água nos tornozelos para não correr o risco de se afogar? Deixar de ligar ou mandar mensagem para aquela pessoa legal para não parecer desespero? Não, gente, não façam isso. Vivam, sintam, se apaixonem, liguem, entram no mar!

Moça, se apega sim! Claro, não vai se apaixonar dez vezes no mesmo dia, mas não deixe de se dar a chance de viver algo bom apenas porque teme que a ausência do outro chegue antes do esperado. Isso não é viver, é sobreviver.
Não permita que o fortalecimento do seu amor-próprio dependa da presença ou ausência de alguém. Mas não descarte, à partida, a ideia de que viver essa história pode te fazer um bem danado. Ou não, mas como você irá saber se não tentar? Segura na mão de Deus e vai. Pega e se apega, por que não?


Ei, moça, você precisa ir embora

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Moça, chegou a hora de ir embora. Sério, você precisa ir agora, sem olhar para trás. Não vale mais a pena ficar, não vale mais a pena esperar por algo que nem vale mais a pena. Ele não vai mudar agora, e, definitivamente, ele não vai mudar por você. Sei que você acredita em contos de fadas, naqueles amores de correr pelo aeroporto até o portão de embarque. E você tem o direito de viver esse amor. E é por isso que você deve ir embora. Moça, é sério, vai embora.
Sei que você esperou por tanto tempo que acabou se acostumando com a presença da ausência. Com a indiferença. Ficou tanto tempo sentada na porta de casa esperando alguém abrir. Sei que dar medo de ir embora e, segundos depois, a porta finalmente se abrir. Mas esqueça. A porta pode até se abrir, mas definitivamente não se abrirá para você. E sabe que mais? Não tem problema nenhum nisso. Há muitas portas e janelas por aí esperando por você.
Vá embora sem medo de seguir em frente. A vida é demasiado curta para ficar esperando corações amolecerem, portas se abrirem. Pelo menos aquele coração, aquela porta. Eles não são para você. Não mais.Talvez um dia tenham sido. Mas as coisas mudam, e mudam todos os dias. E ninguém é obrigado a amar alguém para sempre. Isso vale, inclusive, para você. Sim, moça, amores não precisam necessariamente ser para sempre. Sobretudo se for daquele amor que já não te faz bem, o amor por comodismo, por hábito. Amar porque já ama faz tempo já não é amor quando você já não consegue se lembrar porque amou à partida. Ir embora nessa hora é libertador e pode salvar a sua vida.
Moça, outros amores virão. Eles também poderão trazer lágrimas, medos e decepções. Mas é um amor que você se permitiu a sentir. E isso você só pode fazer se for embora.

Isso, retoca a maquiagem. Penteie o cabelo, calce o seu salto alto e pegue sua mala. Deixe a chave no criado-mudo, Gire a maçaneta, abra a porta. Vá embora. E por favor, não olhe para trás nunca mais. Vai ser feliz, moça.




Não desacredite no amor


Eu já acreditei em amor à primeira vista. E até já jurei a pés juntos que o senti. Mas amor à primeira vista não existe. Tem paixão, química, tesão, afinidade. Isso sim pode acontecer em um primeiro encontro. O amor não. O buraco do amor é mais em baixo.
Ele não se baseia em características físicas, perfumes marcantes ou conversas que fluem bem. O amor é conexão de almas, é querer partilhar, torcer para que o outro tenha sucesso e continuar querendo ficar perto mesmo quando o outro não é mais aquele príncipe. O amor fica mesmo até quando a paixão, a química, a tesão e a afinidade dão aquela sumidinha.
E quando alguém passa por uma desilusão amorosa, a tendência é se esconder numa concha e dizer: "Não quero saber de amor, agora quero é curtir!". E aí vai para a balada, faz perfil em aplicativo de paquera, muda o visual e parece querer recuperar o tempo perdido.
Há várias soluções para curar corações partidos e querer sair para se divertir sem pensar em arrumar marido não tem problema algum. Mas a primeira coisa que deve ser feita para curar os males de amor é recuperar a bela, e muitas vezes perdida autoestima. Sim, essa que levou um baque depois do pé na bunda. 
O amor-próprio: é desse que você não deve desistir. Esqueça o cara que parou de te amar e te trocou, ninguém é obrigado a amar o outro a não ser nós mesmos. Esse sim, é o amor que merece esforço, aquele que te faz ver as suas muitas qualidades mesmo quando só te apontam os defeitos. E isso vai muito além de beleza física, é você valorizar a sua essência, se amar exatamente do jeitinho que você é e nunca parar de lutar para limar aquelas arestas que te incomodam.
Moça, depois que você entende que ninguém pode obrigar ninguém a te amar tudo começa a fluir melhor. Vem aquela paz, o entendimento e a sabedoria para saber perdoar e virar aquela página da sua vida. Seja o que você bem entende que quer ser, cure esse coração, se ame e se divirta! Quem sabe na próxima balada ou match, de forma totalmente despretensiosa, você encontra aquele cara que te mostra que você merece mais do que ser estepe de um amor meia-boca?

Não sou a mãe que gostaria: sou pior

terça-feira, 19 de julho de 2016

Existe um mundo secreto na internet, onde as mães vivem de cabelo escovado, maquiadas e unhas feitas, têm barriga chapada um mês após o parto, tiram foto de look do dia e fazem atividades montessorianas com as crianças, que, claro, andam aos 3 meses, falam aos 6 e quando têm um ano citam Camões. É o fantástico mundo das mães blogueiras.
Eu gostaria de ser esse tipo de mãe perfeita, que não deixa o filho ver TV, que lê para ele todas as noites, que faz uma série de atividades. Mas não sou.
Eu estou sempre cansada, apesar de ter a bênção do home-office e do trabalho a meio-período. A minha casa está bagunçada e sempre, sempre tem louça na pia para lavar. Adoro quando chega o fim de semana e posso ficar o sábado inteiro de pijama, sem make e com cabelo sujo.
Não me comovo com o choro de birra do meu filho e sou capaz de o ignorar impiedosamente quando ele chora de soluçar jogado no chão porque não o deixei comer pasta de dente. Já troquei a janta dele por um prato de Mucilon porque estava com preguiça de cozinhar para ele. Fico aliviada quando ele dorme, porque sei que é hora de colocar os pés para cima, pegar no controle e ir até Stars Hollow. 
Sempre mantive a calma nos seus episódios esporádicos de febre e ouso confessar que nunca secretamente pedi para levar a vacina no lugar dele, porque, afinal, se eu fosse vacinada ao invés dele, ele não estaria protegido. Sim, eu, Ana Garcia, não choro quando meu filho toma vacina e nunca pedi para ninguém entrar com ele no consultório no meu lugar - e a quem pediria, à moça da recepção?
Eu não fiquei com dó de o largar quando voltei a trabalhar - eu estava ansiosa para voltar a trabalhar e nunca, nem por um segundo, pensei em abandonar a carreira por ele. 

Mas de uma coisa tenho certeza: eu amo mais o meu filho do que a mim mesma. Não preciso chorar no dia da vacina para demonstrar todos os sacrifícios que tenho feito por ele desde que soube que Deus me deu a bênção de poder formar um ser humano no meu ventre. Devo sentir vontade de chutar o balde, pelo menos, duas vezes por dia desde que ele nasceu, mas se tenho o pé no chão, é por ele. Eu posso ser o seu porto seguro desde que ele nasceu, a única pessoa que esteve ao seu lado todos os dias, mas ele representa, sem sombra de dúvidas, o maior elo da minha ligação com Deus.

Não, não sou a mãe que gostaria de ser, sou pior. Gostaria de ser muito mais paciente, amorosa e meiguinha. Me culpo todos os dias pela incapacidade de maternar que, aparentemente, só eu tenho. Mas a realidade não é essa: se tenho de matar um leão - e demônio - por dia, tenho mais é que ser uma leoa. Espero que ele um dia me perdoe pelo tempo que sei que desperdiço tentando organizar o tumulto em que deixaram a minha vida. Ainda bem que ela é minha, logo, cabe a mim colocá-la de volta nos eixos.

O futebol em Portugal

sexta-feira, 8 de julho de 2016



Portugal é um país pequenino, mas se há um esporte que a gente gosta lá, é o futebol. Claro, invejosos dirão que Portugal não tem tradição no futebol, que perdeu para a Grécia em 2004, que o nosso melhor jogador era angolano, e por aí vai. Mas a maioria dos portugueses é fanática por futebol. 
Só que se você for brasileiro e estiver assistindo a uma partida de futebol lá, terá de se esforçar para entender, porque as expressões são um pouco diferentes.

Em Portugal, o goleiro é o GUARDA-REDES.
Para mim, faz todo o sentido, sempre achei que goleiro cabe mais em quem faz muitos gols.


Prestem atenção em como ele guarda as redes, impedindo o gol #sportingéseleção


Escanteio é PONTAPÉ DE CANTO.
Um pontapé que é feito do canto. Quer mais sentido que isto?


Gandula é APANHA-BOLAS.
O que é que o gandula faz mesmo? Hã? O quê? Ele apanha as bolas? Ah, entendi!


Troféu joinha para o apanha-bolas

Gol é GOLO. E BALIZA.
Fazer um gol é marcar um golo. Na baliza. Duas palavras para duas coisas diferentes.


Trave é POSTE.
A bola não vai na trave. Ela vai ao poste.


Gramado é RELVADO.
Porque nós dizemos relva, não grama.


Impedimento é FORA DE JOGO.
Se a jogada não é válida, ela está fora de jogo. Logo, a jogada é um fora de jogo.


O jogador usa CAMISOLA.
Camisola em Portugal não tem o mesmo sentido daqui. Lá, camisola tanto dá para a camisa de futebol quanto para a blusa de frio.


Os torcedores são ADEPTOS. E a torcida, CLAQUE.


O jogador não simula falta, ele ATIRA-SE PARA A PISCINA.
O Neymar fazia muito isso na época do Santos. E na seleção também, quando não arrega.



No intervalo, os jogadores não vão até o vestiário, eles vão ao BALNEÁRIO.


Selo Fabrício de qualidade


O jogador não dá caneta, dá CUECA.


E com este sketch do Gato Fedorento, melhor programa de humor de todos os tempos, me despeço neste post.



Quero me apaixonar de novo

terça-feira, 5 de julho de 2016


Aprendi a escrever antes de entrar na escola. A influência da minha irmã fez com que me apaixonasse pelo mundo das letras e histórias. Acabei por me diferenciar dos outros alunos no primeiro ano por já saber ler bem. Me lembro de a professora, D. Celina, me fazer ficar em pé lendo um texto na frente da classe inteira do 1° e 2° anos para a professora da outra classe ver como eu lia bem.
E eu amava ler, de tudo. Lia coletâneas de livros de terror para adolescentes que contavam a história de uma babá que vivia sendo aterrorizada por um assassino. Adorava também as histórias do grupo de amigos da coleção "Uma aventura". 
Na adolescência, também por influência da minha irmã, conheci os romances de Nicholas Sparks e similares. Gostava até dia livros de leitura obrigatória da escola. Me apaixonei por Os Maias e adorava estudar as poesias de Pessoa e seus homônimos.
Lado a lado com a paixão pela leitura andava o amor pela escrita. Ah, como eu gostava! Parece que eu já sabia que ia ganhar a vida com uma caneta na mão. Inventava poesias (ganhei até um concurso em que precisava escrever uma poesia para o nosso BSB favorito e ganhei ingressos para o show e passes para os bastidores), descrevia histórias e, já na adolescência, encontrava na escrita uma maneira de desanuviar as dores de amor causadas por homenzinhos desprovidos de caráter - sempre os escolhi a dedo.
Mas aí a paixão foi dando lugar à correria da vida, marcada por um casamento em idade precoce, uma mudança de país, continente e hemisfério que, consequentemente, trouxeram as obrigações da vida adulta.
Os livros deram lugar aos jornais e as poesias às reportagens. Parei de inventar histórias para contar histórias de verdade. 

Dez anos se passaram e acabei de me aperceber que o último livro que li foi o "O que esperar quando se está esperando", sobre gravidez. Também não lembro mais a última vez que escrevi uma poesia ou do prazer de escrever com uma caneta que desliza no papel.

Poderia culpar a correria do dia a dia pelo desinteresse de coisas que por toda a vida me fizeram vibrar de paixão. Conheci outros amores a quem me dediquei, mas... sinceramente? Poucas coisas valem tanto a pena quanto se perder nas histórias contadas dentro dos livros ou até mesmo inventar personagens, vidas, amores, desafios e medos. E quero voltar a sentir isso.

Das saudades de "casa"

sexta-feira, 1 de julho de 2016

*texto postado originalmente em 2011 em outro blog, mas mais atual do que nunca


Falar de saudade é um tanto ou quanto clichê, mas “de quando em vez”, os clichês saem do armário e ganham um pouquinho de vida, nem que seja em um blog que ninguém lê.
Uma vez disseram que eu era muito corajosa porque mudei para o outro lado do mundo com 22 anos. Eu não acho nem um pouco. O que eu fiz não tem nada demais. Mas não é sobre isso que quero falar hoje.
Hoje, quero falar de saudade. O dicionário Aurélio diz que saudade é um “sentimento nostálgico de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las”. É bem por aí.
Eu sinto muitas saudades de Portugal. Também não admira, Portugal é o melhor país do mundo. Não porque é mais desenvolvido que o Brasil (o que não corresponde totalmente à verdade), mas porque é o meu país. Tudo o que sou é porque nasci, cresci e me tornei adulta lá. Se eu tivesse crescido aqui, não seria o que sou hoje, e não sei se gostaria de ser diferente.




Eu costumo dizer que nós somos o que vivemos. Logo, hoje eu sou isto aqui, um Brasil brasileiro, uma jovem mãe solo, com um emprego, dois cachorros, uma casa e contas para pagar. Mas como deixar de lado Portugal? Não tem como.
E eu gosto do Brasil. Muito mais do que os meus comentários irônicos e maldizentes nem sempre tão bem compreendidos deixam transparecer. Mas tem um cantinho plantado à beira-mar do outro lado do mundo que nunca me deixará totalmente completa.
Pode parecer piegas, mas acho que quem vive fora da sua pátria-mãe sabe do que estou a falar. Uma vez um jogador de futebol português disse: ”O hino não se aprende, sente-se”. É por aí. Por mais que goste do Brasil, não sei se um dia vou amá-lo que nem amo o meu pequeno país.

É engraçado, se eu voltasse para Portugal, tipo, amanhã, eu continuaria incompleta, porque aí me faltaria essa alegria e simplicidade do Brasil, onde é tão fácil deixar raízes e amigos. Dos bons. Então, o que fazer?

Na verdade, não tem muito o que fazer. Só me resta seguir a vida com as escolhas que eu fiz para mim e, hoje, para o meu filho, e aprender que viver com o coração remendado não é tão ruim assim. E sempre tem as férias.

A minha primeira vez na depiladora

quarta-feira, 29 de junho de 2016

* texto originalmente postado em março de 2010 em outro blog

Sim, eu fiz depilação com cera nas virilhas e sobrevivi para contar para o mundo inteiro a experiência. 
Lembro muito , acho que este foi o momento mais embaraçoso de toda a minha vida. A minha Mary Jane (sim, ela tem nome), ficou meio que envergonhada de eu a expôr dessa forma a uma estranha de seu nome Dirce.

Assim que entrei na sala, expliquei que era a primeira vez que ia depilar com cera e que estava assim meio que apreensiva. Ela deu uma risadinha tipo "Rá, e eu com isso? Tira as calças e deita na maca". Eu obedeci.
Assim que me deitei, ela abriu as minhas pernas e... zás! Afasta a minha calcinha para poder "trabalhar melhor". Ai, meu Deus, quis morrer nessa hora, juro. Ela passou a cera e saiu da sala, me deixando ali, exposta e vulnerável. E eis que a pior coisa aconteceu: outra mulher entrou na sala, deixando a porta aberta! E tem mais: a mulher é uma pessoa que eu já entrevistei! Ai, meu Deus, voltei a querer morrer.

Minutos depois, a tal da Dirce, voltou e fez o serviço. Dor, mais exposição, vulnerabilidade e vontade de sumir. "Mas é uma dor perfeitamente suportável, não é?", perguntou ela. "É, sim, minha cara Dirce, mas quem vai tirar de mim a exposição pessoal, a vulnerabilidade e a vontade de sumir?", pensei eu.

E eis que surge a pergunta fatal: "Vai querer depilar atrás?". "Aaai... ah, vamos lá".

Foram os 20 minutos mais longos da minha vida. E durante cinco anos me prestei a isso mensalmente. Graças a Deus pelo tempo das vacas magras e, consequentemente, pela gilette. Mas uma lágrima solitária rola solta imaginando como será a próxima vez que deitar naquela maca e a Paulinha falar: "Raspou né?"

Como a maternidade me fez perder o medo de barata

Quer dizer, perder perdeeeeer não perdi, continuo preferindo perder um dedo do pé a ter de matar uma, mas desde que me tornei mãe, nasceu também o tal de instinto animal de proteger a cria. E, com isso, precisei começar a fazer coisas que antigamente não faria nem que me pagassem, como matar baratas.

Morar sozinha, em casa, no verão, é tenso demais, porque as baratas, espécimes mais fiéis representantes do que é o inferno, decidem sair de tudo o que é canto para se refrescar no seu lar. E se antes eu sempre tinha pavor de barata, com a maternidade precisei aprender a matá-las para não correr o risco de elas subirem no berço do Antonio e se alimentarem dos restos de leitinho da boca dele (desde que li aquela matéria da Superinteressante nunca mais fui a mesma). 

No início foi difícil. Gastava meia lata de SBP para cada barata, colocava uma camiseta ao redor do rosto, calçava luvas, pegava a vassoura e a pá e a jogava pelo vaso, apertando a descarga por, no mínimo, um minuto. Mesmo contribuindo para a diminuição dos reservatórios do Sistema Alto Tietê, continuava fazendo isso. Jogar no lixo? Jamais! Todos nós sabemos que elas não morrem, que ela ia fingir que estava morta ali dentro do lixo para, de noite, sair e passar em cima dos pratos e talheres só para me trollar.

Até que um dia tudo mudou. Cheguei em casa e estava aquele calor de morrer. Estava tão apertada para fazer um pips que corri para o banheiro. E ali estava ela, a filha do capeta, em cima da pia. 




De calça arreada, ainda fugi, mas não dava para segurar, e fazer um pips no quintal seria demais até para mim. Então precisei fazer xixi de frente para uma barata. Viva. E mais, ela poderia ter fugido, se amedrontado. Mas não. Ela sabia que eu era trouxa e me encarou. Sim, naquele dia, uma barata me encarou.



"Eae, trouxa?"

Foi aí que tudo mudou. "Perae, você tá me encarando, mano?". A minha honra não podia admitir tamanha ousadia. Peguei uma camiseta, enrolei no rosto e peguei o SBP e a vassoura. Joguei apenas um pouco de SBP só para ela cair no sangue. Eu já havia decidido que aquela morte teria de ter sangue - ou gosma branca, no caso. 
À medida que ela tentava fugir, eu batia com a vassoura. "ENCARA AGORA, MANO, ENCARA! MORRE! MORRE!". Os gritos saíam abafados pela camiseta encobrindo o rosto, mas o som chamou a atenção do Antonio que espreitava pela porta. E, cerca de 20 vassouradas depois (não sou muito boa de pontaria), a barata que gosta de encarar os outros foi sentar lá no colo do capeta.


"Ninguém me encara, mano, ninguém".

A minha vida se divide entre o antes e depois deste momento. Claro que continuo preferindo a morte a ter de matar uma com o chinelo, mas acho que agora ficou claro quem que manda no baguio.

#mãesolo: Folga da maternidade a cada 15 dias

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Como a maioria das mães solo (não gosto muito do termo mãe solteira, porque mãe não é um estado civil), a cada 15 dias tenho aquilo a que chamo "folga da maternidade". É a famigerada e temida ida para o pai. 
Viver esse tipo de situação, em que fico dois dias sem o meu filho, traz um misto de sentimentos: por um lado, a dor quase física da saudade e, por outro, a doce delícia de poder dormir até ao meio-dia, como nos bons e velhos tempos.
Eu confesso que não ficava à vontade no início, e, na verdade, não fico até hoje. No primeiro fim de semana, chorei durante dois dias, mandava mensagens para saber como estava e, para esquecer a dor da separação (oh drama), fui para a balada.
Foi então que vi que estava arrumando uma forma de não lidar com a situação, me colocando em cenários fora da minha realidade sério, balada não combina comigo, ficar em pé, lugar apertado, tudo caro, caras olhando como se fôssemos objeto, para mim não dá há pelo menos uns dez anos.
Claro que não é para a mãe ficar enfurnada em casa fazendo faxina enquanto o filho está com o pai. Se bem que é uma ótima chance de dar aquela geral na casa, porque vocês já tentaram fazer faxina com um bebê agarrado na sua perna? Mas, como tudo nessa vida, dá para tirar coisas positivas dessa "folga". 

- Por exemplo, dá para dormir atéééé acordar. Quem é mãe sabe o quanto isso é impossível com um filho. Eles são verdadeiros despertadores. Então, que tal aproveitar para, de 15 em 15 dias, tirar o atraso no sono?

- Maratona de séries ou de qualquer coisa que tenha humanos em cena e não uma porca malcriada respondona e mimada (mas que sempre ajuda nas horas em que é preciso deixar a cria entretida para cozinhar/lavar louça/tomar banho. 

- Ir ao banheiro. Sozinha. E fechar a porta. Geralmente quem mora sozinho comemora o fato de poder ir no banheiro e deixar a porta aberta sem medo que a parentaiada veja as suas vergonhas. Eu já sou ao contrário, quando estou sozinha aproveito para, então sim, fechar a porta, e se pá até tranco à chave. 

- Maratona de séries. Sério, gente, é libertador poder assistir algo que não envolva o soldado que tem cabeça de papel e que se por acaso não marchar direito vai preso para o quartel.

- Sair com as amigas. Depois da maternidade, o nosso lado mãe acaba se sobressaindo muito em relação ao lado mulher. Aproveitar que o filho está no pai para sair com as amigas ou com o bofe (para quem é de bofe) dá uma aliviada na alma. 

- Ir ao salão: chega de DIY quando o assunto é beleza, fazer unha, arrumar cabelo, depilar (tudo após o horário da cria dormir, o que, no meu caso, é tarde, bem tarde, o que me leva a fazer esse tipo de coisas depois das 23h). 

- Maratona de séries: sério, gente, é que vocês não têm ideia do quanto é bom ficar dois dias sem escutar que fui morar numa casinha e que só assim por acaso a casinha estava infestada de cupim e que tinha uma lagartixa debochada. 

Então, sempre tem coisas positivas de ter folga de ser mãe. Claro que, no meu caso, tudo o que tem para fazer acaba domingo de manhã e eu estou lá chorosa vendo fotos do baby pelo celular. Mas isso aí é outra história. Porque ter uma folguinha de ser mãe é bom, mas ficar agarradinha com o galeguinho é bem melhor. 

O drama de ir ao supermercado com um bebê

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Desde que fui mãe, algumas tarefas acabaram se tornando mais difíceis, como ir ao banheiro sozinha e fechar a porta, fazer máscara facial, dormir até ao meio-dia, entre outras. Mas poucas ultrapassam a dificuldade que é ir ao supermercado com um bebê de um ano e dez meses que, nos últimos tempos, descobriu que é gente e que tem suas próprias vontades.
Independentemente se vou fazer a compra da semana ou só pegar o "pãozim" para o café, é sempre uma aventura ir ao supermercado com o Antonio, por várias razões:

- ou ele quer ir no chão ou ele quer ir no colo
Geralmente sua vontade muda 20 vezes durante a visita ao supermercado.

- se vai no chão, vai mexendo em tudo nas prateleiras
"Não, filho, deixa isso aí, a mamãe não vai comprar isso hoje. Filho, deixa aí, filho, filho, não joga no chão, não, não, não, filho, não pode jogar comida no chão que é pecado".

- quer segurar o saco de pão, e quando dou para ele segurar, joga no chão
"Filho, não joga comida no chão que é pecado".

- quando a compra é maior e preciso que ele vá dentro do carrinho, fica jogando as compras fora do carrinho.
"Filho, não joga comida no chão que é pecado".

- fica dando tchau e mandando beijo para as pessoas (as moças do caixa são apaixonadas por ele)
Isso eu gosto rs. Tenho orgulho quando as pessoas olham para ele e o acham uma gracinha. "Fui eu que fiz, gente". 

- fica querendo ficar em pé dentro do carrinho.
"Filho, é perigoso ficar assim porque você pode cair, Senta, por favor".

- A compra foi maior do que pensava, você está cheia de sacolas e ele quer colo
Imagina, a cena, eu, pequena, mirradinha, com uma criança no braço e um monte de sacolas no outro. 

- Chega em casa, desempacota tudo, guarda as frutas, tira os tênis dele, começa a preparar o café e... acabou o café.
"Filho, vamos no supermercado?"

A mãe que eu quero ser

domingo, 19 de junho de 2016

Desde que fui mãe, a minha principal preocupação tem sido educar o meu filho para que ele venha a se tornar um homem de caráter. Sendo ele a minha principal prioridade, tudo o que faço ou penso é sempre tendo em conta como as minhas decisões o vão afetar, a curto, médio e longo prazo.
Eu acho que tenho me saído bem.
culpas à parte (quem é mãe vai se identificar), sei que sou a melhor mãe que o meu filho pode ter. Mas sempre tem coisas que podem evoluir. E eu não quero ser apenas uma boa mãe, eu quero ser uma excelente mãe. Só preciso aprender a tentar alcançar o que quero ser para o meu filho, sem me cobrar demais. Afinal, ninguém merece uma mãe louca, não é verdade?

Quero ser uma mãe saudável
Quem me conhece sabe que sempre me alimentei bem (fui vegetariana por seis anos) e pratiquei atividade física. Desde que o Antonio nasceu, descurei um pouco desse lado. De vez em quando até animo de malhar (em casa mesmo, academia está custando caro, tipo, um quilo de feijão), mas a alimentação é péssima. Tenho legumes e fruta na geladeira, mas é tudo para o Antonio. Preciso correr atrás disso, voltar a ter o corpo e a saúde de antes da gravidez para poder ter sempre ânimo para brincar com o meu garoto.

Quero ser uma mãe independente
Nunca dependi do dinheiro de ninguém desde que virei adulta, mas a crise chegou para todos, inclusive para mim. Meu desejo é ser independente na criação do meu filho, não depender de ajudas de terceiros para comprar as coisas para ele e pagar a conta. Isso inclui ter a minha casinha, no meu nome, que é meu maior desejo a médio e longo prazo.

Quero ser uma mãe de fé
Dizem que criamos nossos filhos para o mundo, mas eu crio o meu filho para o Senhor. Quero ter uma intimidade tão grande com Deus para que Ele me dê dicas do que fazer na educação dele. O mundo está tão louco que dá medo de criar nossos filhos sem a presença do nosso Pai espiritual. 

Quero ser uma mãe amiga
Quero que meu filho me veja como amiga com quem possa contar para tudo, mas sem perder a noção de que sou mãe também, e que ele me deve obedecer. Tem muitas mães que querem tanto ser amigas dos filhos que não os sabem educar, não os corrigem quando fazem coisas erradas e ainda encobertam os seus "pecados". Quero que o Antonio saiba que pode contar comigo para tudo, mas que se fizer coisa errada, eu serei a primeira pessoa a corrigir. Sem dó.

Quero criar um filho que se transforme em um homem de verdade
Aqui não vai ter essa de ter vida mansa porque é homem. Vai lavar louça, sim, vai arrumar o seu próprio quarto, sim, vai fazer serviço de casa, sim. Quero conseguir educar um homem de caráter, que saiba principalmente como tratar uma mulher, não irei aceitar filho que mexe com mulher na rua ou que é cafajeste com a namorada/esposa.

Quero ser uma mãe exemplo
Essa é bem ampla, eu sei. Mas quero que meu filho me veja como um exemplo a seguir em honestidade, esforço, trabalho, relacionamento, estudo, e, sobretudo, espiritual. Esse é o grande desafio de uma mãe, ser exemplo para o filho pelo que ela faz, e não pelo que ela diz. Quero que ele tenha orgulho de mim, e não que me tenha como exemplo do que não ser ou fazer.


Volto a dizer que sei que sou exatamente o tipo de mãe que ele precisa, mas ainda não sou aquilo que EU preciso ser. Porque não dá para brincar nisso de educar um"serhumaninho", se você não fizer o seu trabalho direito, a vida vai corrigir seus erros da pior forma.


Esvaziar para encher-se

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Refazer a vida depois de dez anos não é fácil nem se faz de um dia para o outro. Demora, sim, mas a reestruturação da nossa vida depende somente de nós.
Divórcio é uma coisa bem complicada, bem difícil e bem traumática. De repente, tudo muda!

Mas tudo nesta vida acontece por uma razão. Crer em Deus não é crer num santo milagreiro que vai vir com pó de pirlimpimpim e transformar tudo. Crer em Deus é crer que Ele te ama tanto que te capacita para lutar e sobreviver mesmo em meio ao mal e com pessoas te fazendo mal. E pela Sua graça e misericórdia, esta será apenas mais uma fase em que você vence é tudo o que é ruim fica lá atrás, no passado.

E assim, meio que por magia, a dor passa. Deus te toca e a dor simplesmente passa. E começa aquilo que todo mundo te falava há mais de um ano e você não acreditava: que a vida continua.

E para continuar, precisei me esvaziar, esvaziar o meu coração para que Deus pudesse me dar um novo. Ele não queria que eu ficasse com aquele coração partido. Então Ele o tirou e está me dando um novo onde não cabem mais as coisas velhas. Onde só há lugar para a paz e o amor, nada de sofrimento. Só há lugar para coisas boas. Afinal, sou filha do Rei do Mundo, por que haveria de aceitar coisa pouca?

Amores meia-boca

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Na vida temos a tendência a nos acostumamos com coisas meia-boca. Aquele trabalho que é ruim mas paga bem, o carro que sempre dá problema mas pelo menos anda, o arroz que sempre fica empapado e sem sal. E há também quem se acostume com amores meia-boca.
Um amor meia-boca é aquele que nem fede nem cheira. Até parecia bom no início, mas quando você deixou de receber, achava que era assim mesmo, que é normal não se sentir amada. Às vezes você está tão acostumada a receber um amor meia-boca que você começa a achar que aquilo é amor mesmo. E até se acha uma pessoa muito sortuda porque encontrou esse amor. Pobre moça, que confundiu encontrar esse amor com ser cega demais para deixá-lo ir embora enquanto era tempo de se salvar.
Se acostumar com um amor meia-boca faz você se acostumar com tudo o que medíocre. O arroz empapado parece manjar dos deuses, o emprego meia-boca parece caído dos céus porque você não recebe o apoio suficiente para tentar algo melhor - e se tentasse, estaria trabalhando demais, e os problemas seriam culpa sua.
Amores meia-boca não permitem você crescer, mas antes fazem você se diminuir para que o outro evolua. Eles fazem você acreditar que é normal se anular para que o outro brilhe.
Amores meia-boca justificam seus erros com ações alheias, umas, duas, três, oito, dez, mil vezes. Quem ama de um jeito meia-boca sempre arrumará desculpas para tentar provar que o amor não era tão meia-boca, afinal, pelo menos no início, na época das borboletas no estômago. Só que não eram borboletas, eram gases.
Amores meia-boca nem deveriam ter esse nome. Tudo o que é medíocre acaba nos corroendo por dentro, num processo de autodestruição na espera de um amor que nunca chega, porque o que nasceu para ser meia-boca nunca chega a ser pleno.

Coisas que sempre me perguntam sobre Portugal

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Desde que moro no Brasil, várias pessoas me fazem perguntas sobre como é a vida em Portugal, as principais diferenças. Claro que isso é absolutamente normal, mas tem muita gente (muita gente mesmo!) que aproveita esse momento para tirar aquela com a minha cara hehehe - ou não fosse o brasileiro um povo extremamente divertido e engraçado.
Vejamos algumas delas:

"Lá em Portugal vocês são fãs do Roberto Leal?"



Para os brasileiros, o Roberto Leal é a personificação do português. Mas a verdade é que, para nós, portugueses, Robertão já é mais brasileiro do que tuga. Afinal, o homem mora aqui há uma "catrefada" de anos. 

E não, nem todo mundo é fã do Roberto Leal. É um cantor como qualquer outro.


"Em Portugal neva/faz calor/frio?"
Portugal é o melhor país do mundo, por isso temos de tudo naquele paraíso pequenino à beira-mar plantado. Temos frio, calor, neve, praia, montanhas, planícies... 

"Em Portugal todos os homens se chamam Manuel ou Joaquim e são padeiros?"




"As mulheres têm bigode em Portugal?"



"Você torce para o Benfica?"
Antes a morte, amigo.


"No Brasil você torce para a Portuguesa ou para o Vasco?"
Foi difícil saber para qual time torcer, mas entre isto



isto




e isto



Acho que fica fácil, né?


"Você curte o pastelzinho de Belém do Habibs?"



Mano, aquilo ali deveria ser proibido por lei.


"Ah, você é portuguesa? Mas nem parece, você fala tão bem o português!"



A pessoa quer dizer que não tenho mais sotaque, mas não deixa de ser engraçado.

By the way, em Portugal a gente diz que no Brasil, as pessoas falam "brasileiro". 

Os papos ao volante

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Tenho carteira de motorista desde 2006 (nossa, tou velha), mas só comecei a dirigir mesmo no ano passado, quando comprei meu primeiro carro. Nunca fui assim muito fã de dirigir, apesar do conforto que o carro me traz e da sensação de independência que o volante me dá. Mas a verdade é que nem sempre é uma alegria dirigir. Especialmente aqui no Brasil.
Não que eu seja a melhor motorista do mundo. Por exemplo, não sei fazer baliza, o que faz com que eu perca várias oportunidades na vida por não conseguir estacionar na vaga. Mas como sou muito ansiosa (você, ansiosa?! Magina!), acabo me irritando mais com os outros motoristas do que propriamente com as minhas próprias limitações ao volante. Aliado a isso, o fato de estar constantemente com trilhões de pensamentos na cabeça faz com que eu tenha vários diálogos mentais comigo mesma e com os outros enquanto dirijo. Além de cantar alto. Com os vidros abertos. Sim, eu faço isso. Mas o melhor sempre são os papos que rolam dentro da cachola.

Tio, deixa "eu", vai. Valeu, brigadão. Ah, adoro esta música. "I want it thaaat way, tell me whyyyy". Puxa, como se fazia boa música antigamente né? Não era essas boysbands de hoje. Mas será que os adultos dos anos 90 achavam os BSB ruins? Não, impossível. Amigo, olha a seta! Acho que vou ficar aqui na esquerda mesmo, a faixa da direita é muito esburacada. Mas por que esse cara 'tá colado na minha traseira? 'Tá com pressa? Vai lá, então, tio. Ahahaa, tanta pressa para parar no sinal vermelho. Oi, filho, você tá acordado? Conversa com a mamãe! Nossa, mas que sinal demorado. Bem aqui nesta subida. Espero não deixar o cara morrer. Moço, não cola muito na minha traseira que se eu deixar o carro morrer vou bater. Ufa, consegui. Ah, adoro este louvor" "Você é um espelho, que reflete a imagem do Senhor, não chore se o mundo ainda não notou!". Gente, não posso esquecer de ligar para aquele entrevistado. Deveria ter anotado na agenda. Oh bacana, não tem seta não? Acho que eu deveria ter ido por baixo, muito trânsito aqui, 'tá louco, cidade inchada. Dormiu, filho? Não joga o chinelo pela janela não, não pode! Pode ir, camarada, aqui o radar é 50 km/h, passar a 20 não dá bônus não. Gente, que calor, preciso arrumar este ar-condicionado, ninguém merece essa brasa em pleno abril. Acho que hoje vou correr. Mas também eu sempre falo isso e fico assistindo 10 episódios seguidos de Friends no Netflix. Pode passar, moça! De nada! Já estamos quase chegando, ainda bem que é perto. Nossa, tem um cachorro ali na frente, já vou frear. Sai, cachorro! Nhoon, como é lindo! "And I've been so caught up in my job, didn't see what's going on, but now I now, I'm better sleeping on by own". Ééé, quem diria, Justin Bieber.
 
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