Quero me apaixonar de novo

terça-feira, 5 de julho de 2016


Aprendi a escrever antes de entrar na escola. A influência da minha irmã fez com que me apaixonasse pelo mundo das letras e histórias. Acabei por me diferenciar dos outros alunos no primeiro ano por já saber ler bem. Me lembro de a professora, D. Celina, me fazer ficar em pé lendo um texto na frente da classe inteira do 1° e 2° anos para a professora da outra classe ver como eu lia bem.
E eu amava ler, de tudo. Lia coletâneas de livros de terror para adolescentes que contavam a história de uma babá que vivia sendo aterrorizada por um assassino. Adorava também as histórias do grupo de amigos da coleção "Uma aventura". 
Na adolescência, também por influência da minha irmã, conheci os romances de Nicholas Sparks e similares. Gostava até dia livros de leitura obrigatória da escola. Me apaixonei por Os Maias e adorava estudar as poesias de Pessoa e seus homônimos.
Lado a lado com a paixão pela leitura andava o amor pela escrita. Ah, como eu gostava! Parece que eu já sabia que ia ganhar a vida com uma caneta na mão. Inventava poesias (ganhei até um concurso em que precisava escrever uma poesia para o nosso BSB favorito e ganhei ingressos para o show e passes para os bastidores), descrevia histórias e, já na adolescência, encontrava na escrita uma maneira de desanuviar as dores de amor causadas por homenzinhos desprovidos de caráter - sempre os escolhi a dedo.
Mas aí a paixão foi dando lugar à correria da vida, marcada por um casamento em idade precoce, uma mudança de país, continente e hemisfério que, consequentemente, trouxeram as obrigações da vida adulta.
Os livros deram lugar aos jornais e as poesias às reportagens. Parei de inventar histórias para contar histórias de verdade. 

Dez anos se passaram e acabei de me aperceber que o último livro que li foi o "O que esperar quando se está esperando", sobre gravidez. Também não lembro mais a última vez que escrevi uma poesia ou do prazer de escrever com uma caneta que desliza no papel.

Poderia culpar a correria do dia a dia pelo desinteresse de coisas que por toda a vida me fizeram vibrar de paixão. Conheci outros amores a quem me dediquei, mas... sinceramente? Poucas coisas valem tanto a pena quanto se perder nas histórias contadas dentro dos livros ou até mesmo inventar personagens, vidas, amores, desafios e medos. E quero voltar a sentir isso.

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