Um café e um abraço

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Ela não era uma pessoa das manhãs. A rotina dos últimos anos a levou a ter aversão de acordar cedo, ao ponto de lhe estragar o humor do resto do dia. Então, ao longo do tempo, ela achou em uma xícara de café (ou duas, três, quatro...) a solução para a ressaca moral, o alívio que precisa para encarar o dia. "Eu não funciono sem café", dizia. Ah, e como sabiam disso quem com ela convivia! Ela até dá aquele "bom dia" tímido de manhã, mas viver, viver de verdade, só depois do café preto. E nem adianta vir com a caneca de café com leite. É da cafeína pura que ela precisa. Ou ela não se responsabiliza pelos seus atos. Sério.

"Café é vida", ela costuma dizer. Talvez seja um pouco demais, mas ela via naquela bebida quente e forte (tem de estar tipo tinta, por favor...) uma forma de se autobrindar, uma chance de ter um dia mais disposto. Bem, dizem que o dinheiro não compra felicidade, mas compra pó de café, que é basicamente a mesma coisa.




Dividir com alguém o momento de beber café é que nem dividir senha do Netflix: não são necessárias palavras para demonstrar a força desse afeto. Ali está ela, disposta a partilhar aquele instante tão imprescindível na vida dela: sorte de quem ela escolhe para fazer isso.

Um café tem a força de um abraço: ele, por si só, demonstra que não há nada como um dia após o outro com uma noite pelo meio. Porque café que é café não tira sono, ele traz cura e inspiração. Ah!, se pudéssemos misturar o doce aroma de um café acabado de passar com a ternura de um abraço! Tantas lágrimas seriam poupadas, tantos sonhos ganhariam força para serem realizados, tantos problemas seriam desatados. 

Na falta do abraço certo, o café faz o resto.
 
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