Descabelada e com o rímel borrado

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Ela gosta de se arrumar. Dá uma atenção especial ao seu cabelo, que ela prefere liso, mesmo defendendo que a mulher tem de ser o mais natural possível. Gosta de se vestir bem, especialmente em ocasiões especiais. Dificilmente sai da gama preto/azul/branco/cinza e derivados. Não liga para marcas de perfume, mas se sai sem estar perfumada, é como se estivesse nua. Suas unhas estão sempre feitas, usa corretivo até para ir à padaria. 
Mas ela é pé no chão. Não é vaidosa nem valoriza demais a beleza. Aliás, sempre achou que pessoas bonitas demais dão muito trabalho. É nas coisas simples que ela é conquistada. Na cerveja bebida no quintal e no pão na chapa da padoca. No miojo para o almoço quando dá preguiça de cozinhar. Na tarde assistindo o jogo de futebol. 

E, principalmente, no domingo amanhecido. 

Aquele mesmo, pós-balada, com a maquiagem derretida e a chapinha vencida. Com a camisa dele e a lata vazia no canto do quarto. Com um brinco perdido em um lugar qualquer. 

Nessa hora, é ela mesma.



Sem salto alto, sem perfume exalando, o batom saiu faz tempo, o cabelo desgrenhado e o rímel borrado. Ali, não tem disfarces, não tem macetes ou truques. Ali, é ela mesma, no seu momento mais vulnerável: quando acaba de acordar. Nem sabe direito onde está e já abre os olhos com um sorriso e tapa o rosto com as mãos, envergonhada, quando ele já a está olhando há alguns minutos. Mal ela sabia que era naquele exato momento que, aos olhos dele, ela estava mais linda do que com a roupa da moda, na balada do momento, com os cabelos perfeitamente alinhados e a boca desenhada dentro do contorno do batom vermelho. Ali, ela era só dele, e ele só dela. E isso é bom. 
 
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