A minha primeira vez na depiladora

quarta-feira, 29 de junho de 2016

* texto originalmente postado em março de 2010 em outro blog

Sim, eu fiz depilação com cera nas virilhas e sobrevivi para contar para o mundo inteiro a experiência. 
Lembro muito , acho que este foi o momento mais embaraçoso de toda a minha vida. A minha Mary Jane (sim, ela tem nome), ficou meio que envergonhada de eu a expôr dessa forma a uma estranha de seu nome Dirce.

Assim que entrei na sala, expliquei que era a primeira vez que ia depilar com cera e que estava assim meio que apreensiva. Ela deu uma risadinha tipo "Rá, e eu com isso? Tira as calças e deita na maca". Eu obedeci.
Assim que me deitei, ela abriu as minhas pernas e... zás! Afasta a minha calcinha para poder "trabalhar melhor". Ai, meu Deus, quis morrer nessa hora, juro. Ela passou a cera e saiu da sala, me deixando ali, exposta e vulnerável. E eis que a pior coisa aconteceu: outra mulher entrou na sala, deixando a porta aberta! E tem mais: a mulher é uma pessoa que eu já entrevistei! Ai, meu Deus, voltei a querer morrer.

Minutos depois, a tal da Dirce, voltou e fez o serviço. Dor, mais exposição, vulnerabilidade e vontade de sumir. "Mas é uma dor perfeitamente suportável, não é?", perguntou ela. "É, sim, minha cara Dirce, mas quem vai tirar de mim a exposição pessoal, a vulnerabilidade e a vontade de sumir?", pensei eu.

E eis que surge a pergunta fatal: "Vai querer depilar atrás?". "Aaai... ah, vamos lá".

Foram os 20 minutos mais longos da minha vida. E durante cinco anos me prestei a isso mensalmente. Graças a Deus pelo tempo das vacas magras e, consequentemente, pela gilette. Mas uma lágrima solitária rola solta imaginando como será a próxima vez que deitar naquela maca e a Paulinha falar: "Raspou né?"

Como a maternidade me fez perder o medo de barata

Quer dizer, perder perdeeeeer não perdi, continuo preferindo perder um dedo do pé a ter de matar uma, mas desde que me tornei mãe, nasceu também o tal de instinto animal de proteger a cria. E, com isso, precisei começar a fazer coisas que antigamente não faria nem que me pagassem, como matar baratas.

Morar sozinha, em casa, no verão, é tenso demais, porque as baratas, espécimes mais fiéis representantes do que é o inferno, decidem sair de tudo o que é canto para se refrescar no seu lar. E se antes eu sempre tinha pavor de barata, com a maternidade precisei aprender a matá-las para não correr o risco de elas subirem no berço do Antonio e se alimentarem dos restos de leitinho da boca dele (desde que li aquela matéria da Superinteressante nunca mais fui a mesma). 

No início foi difícil. Gastava meia lata de SBP para cada barata, colocava uma camiseta ao redor do rosto, calçava luvas, pegava a vassoura e a pá e a jogava pelo vaso, apertando a descarga por, no mínimo, um minuto. Mesmo contribuindo para a diminuição dos reservatórios do Sistema Alto Tietê, continuava fazendo isso. Jogar no lixo? Jamais! Todos nós sabemos que elas não morrem, que ela ia fingir que estava morta ali dentro do lixo para, de noite, sair e passar em cima dos pratos e talheres só para me trollar.

Até que um dia tudo mudou. Cheguei em casa e estava aquele calor de morrer. Estava tão apertada para fazer um pips que corri para o banheiro. E ali estava ela, a filha do capeta, em cima da pia. 




De calça arreada, ainda fugi, mas não dava para segurar, e fazer um pips no quintal seria demais até para mim. Então precisei fazer xixi de frente para uma barata. Viva. E mais, ela poderia ter fugido, se amedrontado. Mas não. Ela sabia que eu era trouxa e me encarou. Sim, naquele dia, uma barata me encarou.



"Eae, trouxa?"

Foi aí que tudo mudou. "Perae, você tá me encarando, mano?". A minha honra não podia admitir tamanha ousadia. Peguei uma camiseta, enrolei no rosto e peguei o SBP e a vassoura. Joguei apenas um pouco de SBP só para ela cair no sangue. Eu já havia decidido que aquela morte teria de ter sangue - ou gosma branca, no caso. 
À medida que ela tentava fugir, eu batia com a vassoura. "ENCARA AGORA, MANO, ENCARA! MORRE! MORRE!". Os gritos saíam abafados pela camiseta encobrindo o rosto, mas o som chamou a atenção do Antonio que espreitava pela porta. E, cerca de 20 vassouradas depois (não sou muito boa de pontaria), a barata que gosta de encarar os outros foi sentar lá no colo do capeta.


"Ninguém me encara, mano, ninguém".

A minha vida se divide entre o antes e depois deste momento. Claro que continuo preferindo a morte a ter de matar uma com o chinelo, mas acho que agora ficou claro quem que manda no baguio.

#mãesolo: Folga da maternidade a cada 15 dias

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Como a maioria das mães solo (não gosto muito do termo mãe solteira, porque mãe não é um estado civil), a cada 15 dias tenho aquilo a que chamo "folga da maternidade". É a famigerada e temida ida para o pai. 
Viver esse tipo de situação, em que fico dois dias sem o meu filho, traz um misto de sentimentos: por um lado, a dor quase física da saudade e, por outro, a doce delícia de poder dormir até ao meio-dia, como nos bons e velhos tempos.
Eu confesso que não ficava à vontade no início, e, na verdade, não fico até hoje. No primeiro fim de semana, chorei durante dois dias, mandava mensagens para saber como estava e, para esquecer a dor da separação (oh drama), fui para a balada.
Foi então que vi que estava arrumando uma forma de não lidar com a situação, me colocando em cenários fora da minha realidade sério, balada não combina comigo, ficar em pé, lugar apertado, tudo caro, caras olhando como se fôssemos objeto, para mim não dá há pelo menos uns dez anos.
Claro que não é para a mãe ficar enfurnada em casa fazendo faxina enquanto o filho está com o pai. Se bem que é uma ótima chance de dar aquela geral na casa, porque vocês já tentaram fazer faxina com um bebê agarrado na sua perna? Mas, como tudo nessa vida, dá para tirar coisas positivas dessa "folga". 

- Por exemplo, dá para dormir atéééé acordar. Quem é mãe sabe o quanto isso é impossível com um filho. Eles são verdadeiros despertadores. Então, que tal aproveitar para, de 15 em 15 dias, tirar o atraso no sono?

- Maratona de séries ou de qualquer coisa que tenha humanos em cena e não uma porca malcriada respondona e mimada (mas que sempre ajuda nas horas em que é preciso deixar a cria entretida para cozinhar/lavar louça/tomar banho. 

- Ir ao banheiro. Sozinha. E fechar a porta. Geralmente quem mora sozinho comemora o fato de poder ir no banheiro e deixar a porta aberta sem medo que a parentaiada veja as suas vergonhas. Eu já sou ao contrário, quando estou sozinha aproveito para, então sim, fechar a porta, e se pá até tranco à chave. 

- Maratona de séries. Sério, gente, é libertador poder assistir algo que não envolva o soldado que tem cabeça de papel e que se por acaso não marchar direito vai preso para o quartel.

- Sair com as amigas. Depois da maternidade, o nosso lado mãe acaba se sobressaindo muito em relação ao lado mulher. Aproveitar que o filho está no pai para sair com as amigas ou com o bofe (para quem é de bofe) dá uma aliviada na alma. 

- Ir ao salão: chega de DIY quando o assunto é beleza, fazer unha, arrumar cabelo, depilar (tudo após o horário da cria dormir, o que, no meu caso, é tarde, bem tarde, o que me leva a fazer esse tipo de coisas depois das 23h). 

- Maratona de séries: sério, gente, é que vocês não têm ideia do quanto é bom ficar dois dias sem escutar que fui morar numa casinha e que só assim por acaso a casinha estava infestada de cupim e que tinha uma lagartixa debochada. 

Então, sempre tem coisas positivas de ter folga de ser mãe. Claro que, no meu caso, tudo o que tem para fazer acaba domingo de manhã e eu estou lá chorosa vendo fotos do baby pelo celular. Mas isso aí é outra história. Porque ter uma folguinha de ser mãe é bom, mas ficar agarradinha com o galeguinho é bem melhor. 

O drama de ir ao supermercado com um bebê

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Desde que fui mãe, algumas tarefas acabaram se tornando mais difíceis, como ir ao banheiro sozinha e fechar a porta, fazer máscara facial, dormir até ao meio-dia, entre outras. Mas poucas ultrapassam a dificuldade que é ir ao supermercado com um bebê de um ano e dez meses que, nos últimos tempos, descobriu que é gente e que tem suas próprias vontades.
Independentemente se vou fazer a compra da semana ou só pegar o "pãozim" para o café, é sempre uma aventura ir ao supermercado com o Antonio, por várias razões:

- ou ele quer ir no chão ou ele quer ir no colo
Geralmente sua vontade muda 20 vezes durante a visita ao supermercado.

- se vai no chão, vai mexendo em tudo nas prateleiras
"Não, filho, deixa isso aí, a mamãe não vai comprar isso hoje. Filho, deixa aí, filho, filho, não joga no chão, não, não, não, filho, não pode jogar comida no chão que é pecado".

- quer segurar o saco de pão, e quando dou para ele segurar, joga no chão
"Filho, não joga comida no chão que é pecado".

- quando a compra é maior e preciso que ele vá dentro do carrinho, fica jogando as compras fora do carrinho.
"Filho, não joga comida no chão que é pecado".

- fica dando tchau e mandando beijo para as pessoas (as moças do caixa são apaixonadas por ele)
Isso eu gosto rs. Tenho orgulho quando as pessoas olham para ele e o acham uma gracinha. "Fui eu que fiz, gente". 

- fica querendo ficar em pé dentro do carrinho.
"Filho, é perigoso ficar assim porque você pode cair, Senta, por favor".

- A compra foi maior do que pensava, você está cheia de sacolas e ele quer colo
Imagina, a cena, eu, pequena, mirradinha, com uma criança no braço e um monte de sacolas no outro. 

- Chega em casa, desempacota tudo, guarda as frutas, tira os tênis dele, começa a preparar o café e... acabou o café.
"Filho, vamos no supermercado?"

A mãe que eu quero ser

domingo, 19 de junho de 2016

Desde que fui mãe, a minha principal preocupação tem sido educar o meu filho para que ele venha a se tornar um homem de caráter. Sendo ele a minha principal prioridade, tudo o que faço ou penso é sempre tendo em conta como as minhas decisões o vão afetar, a curto, médio e longo prazo.
Eu acho que tenho me saído bem.
culpas à parte (quem é mãe vai se identificar), sei que sou a melhor mãe que o meu filho pode ter. Mas sempre tem coisas que podem evoluir. E eu não quero ser apenas uma boa mãe, eu quero ser uma excelente mãe. Só preciso aprender a tentar alcançar o que quero ser para o meu filho, sem me cobrar demais. Afinal, ninguém merece uma mãe louca, não é verdade?

Quero ser uma mãe saudável
Quem me conhece sabe que sempre me alimentei bem (fui vegetariana por seis anos) e pratiquei atividade física. Desde que o Antonio nasceu, descurei um pouco desse lado. De vez em quando até animo de malhar (em casa mesmo, academia está custando caro, tipo, um quilo de feijão), mas a alimentação é péssima. Tenho legumes e fruta na geladeira, mas é tudo para o Antonio. Preciso correr atrás disso, voltar a ter o corpo e a saúde de antes da gravidez para poder ter sempre ânimo para brincar com o meu garoto.

Quero ser uma mãe independente
Nunca dependi do dinheiro de ninguém desde que virei adulta, mas a crise chegou para todos, inclusive para mim. Meu desejo é ser independente na criação do meu filho, não depender de ajudas de terceiros para comprar as coisas para ele e pagar a conta. Isso inclui ter a minha casinha, no meu nome, que é meu maior desejo a médio e longo prazo.

Quero ser uma mãe de fé
Dizem que criamos nossos filhos para o mundo, mas eu crio o meu filho para o Senhor. Quero ter uma intimidade tão grande com Deus para que Ele me dê dicas do que fazer na educação dele. O mundo está tão louco que dá medo de criar nossos filhos sem a presença do nosso Pai espiritual. 

Quero ser uma mãe amiga
Quero que meu filho me veja como amiga com quem possa contar para tudo, mas sem perder a noção de que sou mãe também, e que ele me deve obedecer. Tem muitas mães que querem tanto ser amigas dos filhos que não os sabem educar, não os corrigem quando fazem coisas erradas e ainda encobertam os seus "pecados". Quero que o Antonio saiba que pode contar comigo para tudo, mas que se fizer coisa errada, eu serei a primeira pessoa a corrigir. Sem dó.

Quero criar um filho que se transforme em um homem de verdade
Aqui não vai ter essa de ter vida mansa porque é homem. Vai lavar louça, sim, vai arrumar o seu próprio quarto, sim, vai fazer serviço de casa, sim. Quero conseguir educar um homem de caráter, que saiba principalmente como tratar uma mulher, não irei aceitar filho que mexe com mulher na rua ou que é cafajeste com a namorada/esposa.

Quero ser uma mãe exemplo
Essa é bem ampla, eu sei. Mas quero que meu filho me veja como um exemplo a seguir em honestidade, esforço, trabalho, relacionamento, estudo, e, sobretudo, espiritual. Esse é o grande desafio de uma mãe, ser exemplo para o filho pelo que ela faz, e não pelo que ela diz. Quero que ele tenha orgulho de mim, e não que me tenha como exemplo do que não ser ou fazer.


Volto a dizer que sei que sou exatamente o tipo de mãe que ele precisa, mas ainda não sou aquilo que EU preciso ser. Porque não dá para brincar nisso de educar um"serhumaninho", se você não fizer o seu trabalho direito, a vida vai corrigir seus erros da pior forma.


Esvaziar para encher-se

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Refazer a vida depois de dez anos não é fácil nem se faz de um dia para o outro. Demora, sim, mas a reestruturação da nossa vida depende somente de nós.
Divórcio é uma coisa bem complicada, bem difícil e bem traumática. De repente, tudo muda!

Mas tudo nesta vida acontece por uma razão. Crer em Deus não é crer num santo milagreiro que vai vir com pó de pirlimpimpim e transformar tudo. Crer em Deus é crer que Ele te ama tanto que te capacita para lutar e sobreviver mesmo em meio ao mal e com pessoas te fazendo mal. E pela Sua graça e misericórdia, esta será apenas mais uma fase em que você vence é tudo o que é ruim fica lá atrás, no passado.

E assim, meio que por magia, a dor passa. Deus te toca e a dor simplesmente passa. E começa aquilo que todo mundo te falava há mais de um ano e você não acreditava: que a vida continua.

E para continuar, precisei me esvaziar, esvaziar o meu coração para que Deus pudesse me dar um novo. Ele não queria que eu ficasse com aquele coração partido. Então Ele o tirou e está me dando um novo onde não cabem mais as coisas velhas. Onde só há lugar para a paz e o amor, nada de sofrimento. Só há lugar para coisas boas. Afinal, sou filha do Rei do Mundo, por que haveria de aceitar coisa pouca?

 
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