E agora?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Eles brigavam. E brigavam. E brigavam. Aí ele terminava com ela em uma conversa no MSN. Mas logo voltavam. Paz e amor? Uns cinco minutos. Quando dois intempestivos se juntam, não se pode esperar muita tranquilidade. E ela gostava de não deixar nada barato. Pobrezinha, do alto dos seus 20 aninhos ainda achava que a velha máxima de "não levar desaforo para casa" ainda dava certo. Coitada, não sabia nada da vida (aqui entre nós, ainda não sabe muito não).
Ela não contava a ninguém, mas ela gostava daquele cara de voz marcante e covinhas quando sorria. No dia em que a levou ao teatro, ela, que sempre escondia o seu lado mais sensível, chorou durante um monólogo qualquer sobre amor. Tentou que ele não visse, mas ele viu. A quem ela queria enganar? Era ele, e ele a conhecia. 
Eles não ficaram juntos. Não ficaram por muito tempo. Uma década sem sequer um "oi". "Ele deve me odiar", pensava ela. "Será que ela está bem?", se questionava ele, sem conseguir esquecer aquele "Me apaixonei por outro, desculpa", que pôs fim à história dos dois.





Anos depois, ele ainda era o lindo rapaz do sorriso fácil, do olho no olho. Ainda continuava falando o que vinha à mente. Mas, ela, ah, ela! Aquela que sempre se orgulhava de não engolir sapos viu este asqueroso bichinho se reproduzir e entrar pela goela abaixo. Por anos ficou calada, engasgada. E ao fazê-lo, cresceu. Aquela menina intempestiva se tornou uma mulher que só quer paz, que se via numa letra do Projota que falava que as coisas simples são as melhores. 
Hoje ela não quer brigar mais. "Cadê aquela garota que se queria ficar sempre com a última palavra?". Ela não existe mais. Hoje ela só quer paz. E, de repente, quer dar paz a ele também.
Deus, quando a fez, decidiu que ela seria forte e, por isso, enviaria situações que a fortalecessem. Ele não mandou calmaria, Ele mandou paciência e coragem para enfrentar a tempestade. Ela chorou, esperneou, implorou para que a tirasse de lá porque ela não sabe nadar. Mas ela mesmo saiu de lá. Sem fórmula mágica. 
E como Deus é Deus, e não tem que dar explicações de nada a ninguém, acabou a levando àquele mesmo lugar de onde ela saiu tão abruptamente. "Vai, filha, agora é com você". Ela não sabe muito bem o que fazer, e tão pouco ele, mas ah!, a vontade de (re)começar daquele ponto só cresce. Muita coisa mudou. O MSN não existe mais, o celular agora tem internet. Já não moram a 500m de distância. Mas aquele burburinho no estômago está lá, ficou adormecido até que em meio a um copo hipster de café, acordou de novo.
E agora?

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