Já estou cansada logo de manhã. No instagram as famosas já correram, já malharam com os Mahamudra no Ibirapuera, já fizeram dez refeições. Eu estou me esforçando para viver ainda. Puta canseira ser mãe. Essa é a verdade. Cansa, cansa pra caralho (desculpa mãe!). Mas somos ensinadas a não reclamar. "Não quis ser mãe? Agora aguenta". Meu filho, aguento com todo o prazer, mas que alguém poderia ter me avisado que nunca mais dormiria do mesmo jeito e que teria de aprender a viver para sempre cansada, com sentimento de culpa, com medo de falhar a qualquer atitude de birra ou má-criação. Claro que não desistiria de ser mãe, mas pelo menos estaria mais preparada.
Na maioria das vezes, eu não me acho uma boa mãe. Fico mais tempo no celular do que deveria. Talvez poderia insistir mais para ele comer, depois de eu ter passado uma hora cozinhando e ele dá apenas uma garfada e fala que não quer mais. Creio que boas mães teriam medo que o filho morresse de fome e criariam mil e uma estratégias para ele comer. Mas eu não. Eu insisto duas vezes, e se ainda assim não comer, eu mesma como. Já estou acostumada a comer restos do prato dele. Também não me acho uma boa mãe quando fico aliviada quando ele vai para o pai. "Meu Deus, sou horrível, fico contando as horas para o meu filho ir para a casa do pai. Que mãe sou eu?".
No outro dia, dei pela primeira vez um tapa na mão dele, depois dele ter feito uma má-criação daquelas (nem lembro mais o quê). Ele chora, chora muito. E eu, claro, me sinto uma merda. E depois ele olha para mim e fala: "Mamãe, cupulpa". Ah, meus amigos, aí não há coração que aguente. Vontade de sair na rua e pedir para o primeiro estranho: "Moço, por favor, me dá um tapa na cara com toda a sua força, por favor?".
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